“... se fôssemos verdadeiros cientistas, se aceitássemos viver um pouco na utopia da felicidade, faríamos punções lombares àqueles que assistem a fogueiras nos acampamentos. Constataríamos que este simples facto aumenta a taxa de serotonina”.
Boris Cyrulnik
Uma pesquisa recente nos mostra a eficácia do afeto e o seu e do coração benefício para a nossa saúde. Relata como a química da biologia funciona nas relações de afeto entre os parceiros amorosos, na convivência de pais e filhos. Mostra ainda como a afeição física pode interferir em todo o organismo, além do cérebro e do coração outros sistemas são diretamente afetados. O corpo também desempenha funções significativas em relação aos sentimentos. Essas funções combinam reações quando estão no comando de uma ação agindo ou interagindo para o nosso bem estar ou, ao contrário.
Durante séculos e no decorrer da vida, os artistas declararam em suas existências – o amor e a paixão – através de suas artes: os poetas cantaram na poesia seus amores de todas as formas com as variáveis de cada época e gênero; os pintores, com tintas e pincéis, criaram ninfas e deusas do amor num relevo inimaginável com sombra, luz e simbolismo vestiram a pintura de seus tempos e, aos compositores, também foi-lhes dado o dom de ser poeta: letra e música como declaração de amor e, em cada nota musical, um recado emocional capaz de seduzir, comunicar, encantar e assim falar de amor. Há outros movimentos que para além das artes são capazes de se comprometerem com a química produzida pelo amor.
Sabemos que a razão é um mecanismo ou uma qualidade do pensamento humano capaz de impor limites às próprias emoções, pois sem esse aprendizado diante das emoções violentas, haveria um desregramento responsável pela desordem e até pelo conflito social.
Nos últimos anos, cientistas começaram a entender essa química biológica em nossas relações afetivas, buscando entender como nossos corpos respondem ao amor e ao carinho. Ao investigar o hormônio chamado ocitocina, encontrado na área do cérebro chamada hipotálamo, os estudiosos descobriram que a partir das interações afetivas, esse hormônio é liberado em nossa corrente sanguínea.
É esse milagroso agente bioquímico, a citocina, que nos faz sentir bem quando estamos perto de uma pessoa amada, assim como de nossa família e de outros entes queridos, incluindo aí os animaizinhos de estimação. O processo que os cientistas chamam de sistema de recompensa é liberado pela dopamina, uma substância presente no cérebro que desempenha um papel fundamental na maneira como percebemos o prazer: aquela sensação de bem-estar como se estivéssemos dopados, como o próprio nome invoca.
Assim, a ocitocina cumpre sua função biológica para além de nos fazer sentir bem, pois ela será capaz de reduzir os níveis de hormônios que provocam o estresse no organismo; diminuir a pressão arterial, além de melhorar o humor e aumentar a tolerância orgânica diante do sentimento de dor. Acredita-se que a ocitocina pode acelerar o processo de cura dos ferimentos, bem como, regenerar as queimaduras e até mesmo atenuar o sofrimento de doenças crônicas.
No Filme – O Amor é Contagioso “Patch” Adams descobre um belo dom de poder ajudar as pessoas usando o bom humor. Dois anos mais tarde, Patch entra em uma universidade de medicina para se formar como médico e, assim, poder ajudar de forma mais abrangente, colocando alegria no coração de seus pacientes. Patch vai lutar contra um grande desafio ao tentar provar que o amor é contagioso.
Essa prática vivenciada por Patch, já vem sendo usada aqui no Brasil por uma ONG reconhecida em todo o país pelo desempenho, profissionalismo e sua atuação inovadora, agregando um elenco de Doutores da Alegria. A originalidade desta ONG pode ser observada através das visitas periódicas dos palhaços besteirologistas às crianças hospitalizadas, administrando risos como remédio. Esse elenco de profissionais da alegria, além das atividades que são praticadas, eles procuram envolver a família e toda a equipe de saúde.
Ao finalizar este artigo, quero lembrá-los de que a alegria é o agente bioquímico impulsionador de mudanças do humor, assim como o amor que produz todo ato de prazer. Desse modo, o amor e a alegria irão gerar antídotos capazes de não somente melhorar o estado físico e emocional, como também exercer a eficácia na recuperação de sistemas que estariam prestes a decretar sua falência.
Segue abaixo uma lista com 40 itens de doenças que são causadas por ressentimentos:
Doenças Causadas por Ressentimentos
1-Amidalite: Emoções reprimidas, criatividade sufocada
2-Anorexia: Ódio ao extremo de si mesmo
3-Apendicite: Medo da vida. Bloqueio do que é bom
4-Arteriosclerose: Resistência. Recusa ao ver o bem
5-Artrite: Crítica conservada por longo tempo.
6-Asma: Sentimento contido, choro reprimido
7-Bronquite: Ambiente familiar inflamado. Gritos, discussões
8-Câncer: Mágoa profunda, tristeza mantida por muito tempo
9-Colesterol: Medo de aceitar a alegria
10-Derrame: Resistência. Rejeição à vida
11-Diabetes: Tristeza profunda
12-Diarréia: Medo, rejeição, fuga
13-Dor de cabeça: Autocrítica, falta de autovalorização
14-Dor nos joelhos: Medo de recomeçar, de seguir em frente
15-Enxaqueca: Raiva reprimida. Pessoa perfeccionista
16-Fibromas: Alimentar mágoas causadas pelo parceiro (a)
17-Frigidez: medo. Negação do prazer
18-Gastrite: Incerteza, sensação de condenação
19-Hemorróidas: Medo de prazos determinados. Raiva do passado
20-Hepatite: Raiva, ódio. Resistência à mudanças
21-Insônia: Medo, culpa
22-Labirintite: Medo de não estar no controle
23-Meningite: Tumulto interior. Falta de apoio
24-Nódulos: Ressentimento, frustração. Ego ferido
25-Acne (pele): Individualidade ameaçada. Não aceitar a si mesmo
26-Pneumonia: Desespero. Cansaço da vida
27-Pressão alta: Problema emocional duradouro não resolvido
28-Pressão baixa: Falta de amor quando criança. Derrotismo
29-Prisão de ventre: preso ao passado. Medo de não ter recursos suficientes
30-Pulmões: Medo de absorver a vida
31-Quistos: Alimentar mágoas. Falsa evolução
32-Resfriados: Confusão mental, desordem, mágoas
33-Reumatismo: Sentir-se vítima. Falta de amor. Amargura
34-Rinite alérgica: Congestão emocional. Culpa. Crença em perseguição
35-Rins: Medo da crítica, do fracasso, desapontamento
36-Sinusite: Irritação coma pessoa próxima
37-Tiróide: Humilhação
38-Tumores: Alimentar mágoas. Acumular remorsos
39-Úlceras: medo. Crença de não ser bom o bastante
40-Varizes: Sentir-se sobrecarregado
Referências:
CYRULNIK, B.. Fórmula química da felicidade. In: Para uma utopia realista – em torno de Edgar Morin. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.
MATURANA, H..A ontologia da realidade (org. Magro, C.; Graciano, M.; Vaz, N.). Belo Horizonte: Editora da UFMG, 1977.
___________, Emoções e linguagem na educação e na política. Belo Horizonte. Editora da UFMG, 1998.
MORIN, E.. Amor, poesia e sabedoria. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 1998
Site:
O conceito de afetividade de Henri Wallon:
HTTP://revistaescola.abril.com.br/gestão-escolar/conceito-afetividade-henri-vallon-645917.shtml