quinta-feira, 15 de agosto de 2013

GÊNESIS DA PALAVRA “PALAVRA”


Por: Vannda Santana

 

        
O vocábulo “palavra” apropria-se do sistema lingüístico, realiza-se através da contextualização de uma idéia, conta um conto, faz história, imprime uma cena. E quantos mistérios há acerca de uma só palavra e o que ela pode ocultar em seu contexto histórico-literário? Sabe-se que a palavra transgride, ao mesmo tempo que se ocupa da arte para se camuflar, quer seja numa  lenda referindo-se à moral da história, ou numa  cena onde a trama epistemológica será apenas valorizar a etimologia.
 

 Certos de que as Palavras são instrumentos de linguagem e que, de certo modo, estão sempre prontas a transmitir informações, busca-se então, através delas, o conhecimento. Mas é sabido também, que os critérios lingüísticos repassados à sociedade, possuem  uma diversidade de informação capaz de confundir qualquer  receptor menos avisado. Daí a importância de se conhecer o código da língua mater, o que ele deseja exteriorizar e qual o alvo de compreensão que se queira alcançar.

 
Portanto,  para que se compreenda a história que a palavra guarda em seu sentido Lato-Senso e em seu étimo, há que se rastrear desde à etimologia, ao simbolismo, em busca da gênesis e da formulação dos sentidos que se escondem por trás de cada palavra escrita.  E a PALAVRA,  termo que deu origem a este escrito, de onde vem?

 
  Longa é sua jornada. Há um logos como princípio supremo, portador de ritmo e de harmonia contido no léxico de cada letra de cada palavra que quer se comunicar. Por isso, os hebreus procuraram retratar a palavra de forma visual mostrando sua estrutura gráfica composta de letras  em (chamas). Portanto, a palavra BERESHÍT, que significa (No começo),  causa uma expressão de admiração por sua forma original em hebraico: – “Quantas chamas numa única palavra!  (...) As chamas são silenciosas. Elas CREPITAM, estalam, dançam, queimam, aquecem, iluminam. É o GRITO do Gênesis, é o FOGO da Sarça repetidos interminavelmente em cada letra, em cada palavra, em cada linha, em cada página, de começo a fim.”  Desse modo, afirma-se que os hebreus criaram um hieróglifo para grafar a  palavra – PALAVRA, conferindo a esta um importante sentido simbólico. Eles adotaram um valor de poder à Palavra de tal forma que, quando esta viesse a ser grafada, uma força recairia sobre a expressão, tal como um fogo alquímico: “fogo transformador”. Daí, a expressão deixar de ser lenda para ser Ação.

 
                              Assim são os atos e os fatos narrados no cotidiano da civilização humana. E para que servem as palavras se não para contar histórias e estórias e dar sentido à vida? As palavras são como cores e odores; são como o pão e vinho para alimentar o homem ao longo de sua história.  A palavra exorciza nossos fantasmas, ao mesmo tempo que socializa com seus elementos fantásticos. Incorpora personagens míticas e históricas, povoa nosso mundo onírico com imagens célebres, nos permitindo sonhar com mundos nunca antes vistos, sequer imaginados. “A PALAVRA É FOGO.





[1] Rômulo Cândido de Souza. Palavra Parábola. Uma aventura no mundo da linguagem. Ed. Santuário SP, 1990, p. 125
[2] Id., ibid., p.124