Por: Vannda Santana
O vocábulo “palavra” apropria-se do sistema
lingüístico, realiza-se através da contextualização de uma idéia, conta um
conto, faz história, imprime uma cena. E quantos mistérios há acerca de uma só
palavra e o que ela pode ocultar em seu contexto histórico-literário? Sabe-se
que a palavra transgride, ao mesmo tempo que se ocupa da arte para se
camuflar, quer seja numa lenda referindo-se à moral da história, ou numa
cena onde a trama epistemológica será apenas valorizar a etimologia.
Certos de que as
Palavras são instrumentos de linguagem e que, de certo modo, estão sempre
prontas a transmitir informações, busca-se então, através delas, o
conhecimento. Mas é sabido também, que os critérios lingüísticos repassados à
sociedade, possuem uma diversidade de informação capaz de confundir
qualquer receptor menos avisado. Daí a importância de se conhecer o
código da língua mater, o que ele deseja exteriorizar e qual o alvo de
compreensão que se queira alcançar.
Portanto, para que se
compreenda a história que a palavra guarda em seu sentido Lato-Senso e
em seu étimo, há que se rastrear desde à etimologia, ao simbolismo, em busca da
gênesis e da formulação dos sentidos que se escondem por trás de cada palavra
escrita. E a PALAVRA, termo que deu origem a este escrito, de onde
vem?
Longa é sua jornada. Há
um logos como princípio supremo, portador de ritmo e de harmonia contido
no léxico de cada letra de cada palavra que quer se comunicar. Por isso, os
hebreus procuraram retratar a palavra de forma visual mostrando sua
estrutura gráfica composta de letras em (chamas). Portanto, a palavra
BERESHÍT, que significa (No começo), causa uma expressão de admiração por
sua forma original em hebraico: – “Quantas chamas numa única palavra!
(...) As chamas são silenciosas. Elas CREPITAM, estalam, dançam, queimam,
aquecem, iluminam. É o GRITO do Gênesis, é o FOGO da Sarça repetidos
interminavelmente em cada letra, em cada palavra, em cada linha, em cada
página, de começo a fim.” Desse modo,
afirma-se que os hebreus criaram um hieróglifo para grafar a palavra –
PALAVRA, conferindo a esta um importante sentido simbólico. Eles adotaram um
valor de poder à Palavra de tal forma que, quando esta viesse a ser grafada,
uma força recairia sobre a expressão, tal como um fogo alquímico: “fogo
transformador”. Daí, a expressão deixar de ser lenda para ser Ação.
Assim são os atos e os fatos narrados no cotidiano da civilização humana.
E para que servem as palavras se não para contar histórias e estórias e dar
sentido à vida? As palavras são como cores e odores; são como o
pão e vinho para alimentar o homem ao longo de sua história. A
palavra exorciza nossos fantasmas, ao mesmo tempo que socializa com seus
elementos fantásticos. Incorpora personagens míticas e históricas, povoa nosso
mundo onírico com imagens célebres, nos permitindo sonhar com mundos nunca
antes vistos, sequer imaginados. “A PALAVRA É FOGO”.