Por: Vannda Santana
O que é velhice? Por que envelhecemos? Pois bem, tentando buscar uma explicação
para tais perguntas vi-me invadindo áreas do conhecimento científico que antes
não exerciam nenhum interesse sobre mim. Hoje, vencida pela indagação, busco
explicações para entender como se processa o envelhecimento nas suas complexas fases
da vida humana. Tarefa nada fácil para quem não possui conhecimento específico;
pior ainda, quando se tenta ler a realidade com lentes leigas, pensando ser
capaz de decifrar o mistério que envolve a biologia, a fisiologia e a genética
de toda uma existência, acreditando na percepção de um mero empirismo. Porém,
movida por essas inquietações, sigo rastreando dúvidas: onde começa a diferença
daquilo que durante o ato de envelhecer parecia ser um processo normal? A doença que se instala no corpo do idoso,
sinalizando um desgaste do físico seria, então, resultado da idade ou é a degenerescência
do físico débil, que não consegue reagir diante de certas patologias? Parece
que estamos falando do óbvio.
Determinei meu objetivo seguindo a premissa de verificação das diferenças
entre duas palavras: senescência e
senilidade, procurando em suas divergências o que há de comum entre ambas. Ao
debruçar-me sobre este assunto, deparei-me com um universo de informações; de
estruturas e funções tão complexas que não tive outra opção a não ser a de
interpretar, transliterar o que foi possível ser abstraído da literatura. A
partir daí, procurei centrar meu interesse apenas no princípio de uma propedêutica biológica do
processo de envelhecimento; observando em
que momento da vida uma simples mudança de comportamento celular pode
significar declínio de uma estrutura física.
Há uma vasta literatura sobre o
tema velhice. Mas não é minha
proposta fazer deste artigo um esboço para uma tese. Minha inquietação não
chega a tanto. Quero sim, compreender o processo e dar forma às mais
contundentes interpretações: realçar o
quanto há de sensível atrelado a teoria da imagem
do corpo e tentar entender a imagem decodificada no corpo, perante o registro
da memória que o tempo descreve como cópia desbotada da idade.
Por mais holística que seja a minha crença, por maior que seja a verdade
sobre a teoria quântica, ainda assim, sigo meio confusa aceitando os ditames de
um Descartes, porém admitindo a crença
em um Einstein que me leva para além do que é visto. Em meio à dúvida, opto por paradigmas que me fazem
perscrutar novos sentidos. Desse
modo, assisto à vida seguir seu curso driblando certezas e
nos fazendo surpresas, nos oferecendo muito mais do que é por nós esperado ao
longo da existência.
Não nos parece simples encontrar
respostas prontas para situações como estas que se referem à biologia e à
fisiologia humana. Mas, é neste contexto que surge a palavrinha senescência apontando uma nova direção e,
simultaneamente, mostrando sua diferença entre a senilidade. Pois bem, não
faltaram mentes iluminadas para dar luz a esses novos caminhos de pesquisas da
biologia humana. Muito já se fez, mas ainda há muito o que se fazer. Como leiga
que sou, apresso-me em devorar as novas descobertas, uma vez que também me vejo
cobaia no decurso desse script.
Comportamento
celular: este é o ponto x da questão. Com o passar dos anos, nosso corpo
sofre uma série de transformações anatômicas e funcionais que atingem todos os
órgãos e o sistema orgânico. Enumeremos
alguns exemplos: o adelgaçamento da pele, do cabelo, das unhas, além do enrijecimento
dos vasos sanguíneos e a redução de algumas células de defesa do organismo.
Estes são alguns dos exemplos que estarão presentes nestas mudanças que são
denominadas senescência ou envelhecimento normal. Entretanto, é importante
notar que uma coisa não está aliada à outra e nem são acompanhadas de sintomas
e nem interferem negativamente no estilo de vida de cada um. Isto se deve ao
simples processo de envelhecimento dos seres vivos compreendido cientificamente
pelo nome de senescência celular.
Bem, foi o que entendi do que pude transliterar do texto científico. Compreendi
que é assim que funcionam as células de um organismo vivo. Elas apresentam a
capacidade de se dividirem para poderem dar lugar àquelas que por qualquer
razão pararam o seu processo de metabolização. Diante deste resultado, temos o processo de envelhecimento
ou a senescência celular quando as
células param o seu método de divisão. É assim que a “coisa” funciona: as
células senescentes, ou seja, as células envelhecidas param de se dividir
quando os telômeros que protegem as extremidades dos cromossomas se encurtam
até alcançar o limite de Hayflick. Esse limite, foi descoberto por Leonard
Hayflick como resultado de dados empíricos e pesquisas aplicadas às células
humanas. Esse cientista verificou que as células de nosso corpo podem se
dividir apenas um certo número de vezes. Toda vez que
uma célula se replica, ela acaba tendo seus telômeros diminuídos. Cada nova célula
tendo os telômeros menores ficam fadadas a começarem a envelhecer, apresentando,
assim, mais problemas até que o limite crítico seja atingido e a célula não
possa mais viver. Essa é a função dos telômeros; são eles uma espécie de tampões
nas extremidades dos cromatídeos. O estudo de Leonard Hayflick foi tão importante que desbancou um ganhador do Prêmio
Nobel, Alexis Carrel, que afirmava a existência de imortalidade em células
normais.
A
descoberta dessa diminuição, que gera envelhecimento nas células, está ligada diretamente
ao envelhecimento humano natural. Além disso, os telômeros menores abrem espaço
para diversos problemas, devido a uma diminuição da capacidade imunológica das
células, o que pode abrir “janelas” para o avanço de doenças oportunistas, autoimunes
que atacam nossas células.
Cabe aqui uma
pergunta: se nossas células possuem essa programação para morrer, qual será o
limite da vida?
Mitos ou verdades. Mas a verdade
é que ninguém sabe exatamente tudo sobre a vida. De acordo com alguns
pesquisadores atuais, os cientistas acreditaram que durante muitos anos uma
pessoa jamais passaria dos 110 anos, porém esse pensamento foi mudado. Jeanne
Calment, que nasceu em 1875 e viveu até 1997, mostrou que o corpo humano pode
passar dos 120 anos, algo realmente incrível. Mesmo essa idade não sendo o
limite definitivo, ela pode estar muito próxima dele, o que é um grande problema
para os planos de vida eterna dos humanos. Várias pesquisas sobre como impedir
os telômeros de diminuírem com o passar do tempo estão sendo feitas e até que a
humanidade encontre a “cura” disso, não faça muitos planos para depois dos 120.
Os pesquisadores Victoria Lundblad e Timothy Tucey
fizeram descobertas importantes de como funciona a enzima telomerase no Salk
Institute for Biological Studies. De acordo com o que foi dito, à medida que nossas células se dividem – para renovar tecidos da pele,
pulmões, fígado e outros órgãos – as extremidades dos cromossomos presentes nas
células vão se encurtando cada vez mais. Esta afirmação, baseada em
pesquisas anteriores apontam para as novas descobertas: Quando essas extremidades, chamadas telômeros, tornam-se muito curtas,
as células perdem a capacidade de se dividir, o que promove a degeneração dos
tecidos. Isso é o que geralmente ocorre com o envelhecimento. Cientistas descobrem “interruptor” que atua em envelhecimento celular [1].
Concluiu-se
que em algumas situações os limites entre senescência e senilidade não são tão
claros. Desse modo, fica uma observação: assim que o indivíduo perceber algum sintoma ou mudança
no padrão de funcionamento do seu corpo, deve-se procurar ajuda especializada e
não acreditar que "é normal da idade”. Outro recado: o envelhecer ainda é
um processo cercado de muitos preconceitos, além de grandes dúvidas. Portanto,
só nos cabe acreditar que muito já se descobriu, mas ainda há muito o que se
fazer; sabemos que há diversas pesquisas em andamento no mundo inteiro com o
objetivo de alavancar o entendimento sobre esta fase da vida. Desse modo, é
melhor agirmos em defesa de nossos estímulos físico e emocional e, assim,
estabelecer as condições necessárias para nos mantermos ativos, produtivos e
com qualidade de vida, enquanto a eternidade não vem.
Referências:
Sites:
[1] http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/09/cientistas-descobrem-interruptor-que-atua-em-envelhecimento-celular.html
G1 – Globo Ciência - 28/09/2014 06h00 - Atualizado em
28/09/2014 06h00