quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Os Ipês contam histórias

Gosto muito de ler e, do mesmo modo, gosto outro tanto de escrever. Por isso mesmo, ouso apresentar aos meus amigos que também gostam de ler uma pequena história sobre uma das mais belas árvores do Brasil: o exuberante Ipê.

O ipê é uma árvore do gênero Tabebuia (Tabebuia chrysotricha) pertencente à família das Bignoniáceas que pode ser encontrada por todo o Brasil. Os índios usavam essa madeira para fazer bodoques e arcos, aproveitando-se da peculiar elasticidade e da firmeza que a madeira oferece.  Assim, justifica-se um de seus nomes populares:  Pau-d’arco. Esta árvore de grande beleza vem sendo apreciada tanto pela excelente qualidade de sua madeira, quanto por seus efeitos ornamentais e decorativos, além de ser reconhecida pela farmacopéia popular e botânica por seus efeitos medicinais.

 Com toda a grandiosidade de suas qualidades, o Ipê seduziu escritores e provocou olhares de encantamentos. Desse modo, ficou imortalizado nas páginas de José de Alencar, Machado de Assis, Castro Alves, Bernardo Guimarães entre outros e tantas outras lendas. José de Alencar, além de dar o título a um de seus grandes romances: O Tronco do Ipê; em O Guarani, atribuiu a força do Ipê a sua narrativa ao dizer: “O velho Aymoré vacilou; seu braço que vibrava o tacape com uma força hercúlea, caiu inerte; o corpo abateu-se como o Ipê da floresta cortado pelo raio.” Continua Alencar em sua obra Ubirajara: “O grande chefe ergue a sua fronte soberba como o velho Ipê da floresta coroado de flores.” E em Machado de Assis,  na  obra Americanas, lê-se: “Um desfolhado ipê conserva e guarda / Flores que lhe ficaram de outro estio, / Como esperança de folhagem nova,/ Flores que a desventura lhe há negado,”. Em Bernardo Guimarães, no conto Pão de Ouro, encontra-se: É o truculento Ipê, que como um cacique todos os anos se enfeita de um diadema de flores amarela, diadema efêmero e irrisório, que no outro dia o vento lhe arranca da fronte e roja pelo chão.”

Muitos pesquisadores destacam o Ipê naquilo que ele tem de mais simbólico, além de beleza e flores: seu poder de acalentar, alegrar, agregar e curar. O pesquisador mineiro, Breno Marques, em seu Livro As Essências Florais de Minas – Síntese para uma medicina de almas, afirma que (...) A Tabebuia, que tem uma forte analogia sonora com Aleluia ou “Tábua-boa”, é uma “tábua de Salvação” que pode ajudar aquele solitário que, mesmo estando imerso nas águas bravias da dor e do sofrimento, pode resistir infinitamente por honra e glória do Criador. Diz, ainda, que a planta (...) associa os conceitos de sincronização temporal e de força, sendo portanto uma poderosa “lente” concentradora de energia solar, disponível naqueles momentos exatos de máxima necessidade. Arremata destacando que (...) O Ipê realiza arquetipicamente um princípio oculto, que foi captado e bem expresso por Vitor Hugo, que diz assim: “Não há nada mais forte que uma idéia quando chega o momento exato de sua realização.

  Nota-se que o nosso Folclore Brasileiro está recheado de fábulas, lendas, mitos com seus distintos e instigantes temas. Assim, dentro desse cenário, incluem-se os vários “causos” contados sobre o Ipê com uma infinidade de histórias interessantes, as quais nem todas fazem parte de um único gênero. Como bem se pode notar, entre os autores aqui citados, estão os variados estilos desde a medicina com seu cartesianismo exemplar à medicina vibracional, cedendo lugar às falácias populares até à literatura contemporânea. Por isso, retornemos ao criador do sistema dos Florais de Minas, Breno Marques, que foi um dos professores que mais me impressionaram durante suas aulas de  física quântica entre outras de igual importância, pela maneira descontraída de prender à atenção de seus alunos com momentos de descontração e com o seu jeito “mineiro” de contar histórias. De tudo que já pude ler e ouvir sobre as plantas e de toda trajetória de histórias vivenciadas como aluna e professora, uma se tornou especial, aquela que fora contada por Breno Marques e que nunca mais saiu de minha mente. O resumo dessa história retoma em minha memória um certo conceito de nozado, não pelos rituais que acontecem nos velórios, muito menos pela peculiar narrativa da palavra “soia”. Mas sim, pela fluidez semântica que faz a história ganhar um significado mais que simbólico de força vital e de esperança, que vai muito além da fenomenologia de uma simples etimologia contida no radical do nome da planta. O Ipê consagrou-se com seus pressupostos sedutores de energia, graça e beleza e, nele se pode ver uma atmosfera mágica que transborda qualquer conceito lingüístico, ao transcender olhares e às diferentes formas do dizer. Diante exposto, vamos ao causo:

Conta-se um “causo” que lá pelas bandas do interior das Minas Gerais, morreu uma véia (velha) e, então, chamaram o povo para animar o velório, com direito a pinga, comidinhas, bebedinhas e tudo mais, até um sanfoneiro... Tudo seria normal, não fosse o episódio que aconteceu: de repente, a veia que estava morta, se senta no caixão, e foi um Deus nos acuda... um corre – corre assustador, a porta ficou estreita, diante dos tantos que teimavam em fugir do fantasma vivo da véia. Com algum custo, aqueles poucos que ali ficaram, procuraram retirar a velha do caixão e colocá-la na cama. Porém, não demorou muito e a veia morreu de novo. E, assim, entre o morre-e-desmorre, lá pelas tantas, diante da estranha sucessão dos fatos resolveu-se chamar o homem que fez o caixão, e então perguntou-se:  
 Acaso o cumpade Izé não esqueceu algum prego puntudo dentro do caixão?! As veiz tá cutucando a cumade... num tá deixando ela sussegada lá dentro!? Antes de colocarem a véia novamente... vistoriaram todo o caixão por dentro... esquadrinharam tudo... várias mãos... e nada... não havia pregos pra desvendar o mistério do morre-desmorre sem fim... Foi quando o cumpadre Joaquim iluminou-se com a seguinte solução: já sei... o cumpade Izé feiz errado... num pode fazê caixão de Ipê!... O Ipê é tão forte que não deixa ninguém morrê!...
                     Assim, o Ipê conta sua história. E esta é apenas mais uma entre tantas outras com seu pseudo poder, segredo e graciosidade que a natureza nos oferece. Basta observarmos. Há bem pouco tempo, eu voltava da Barra da Tijuca em direção à Zona Sul e passando por São Conrado, um vislumbre...bem a minha frente, lá no alto na Rocinha, um Ipê também inspirou-me numa das crônicas do meu livro: O Rio e seus relevos díspares , onde se lê que “Um novo cenário  veste a imaginação e  empresta aos olhos, apenas aquilo que se pode ver. – Um velho Ipê amarelo resiste com sua doutrina.  A planta carrega em sua lenda o mito de uma velha  sabedoria que é fazer a vida renascer e florescer.”

Diante do exposto, releio o tempo presente  em função do passado e, assim, tristemente, estabeleço uma relação com o futuro que se aproxima, vislumbrando os Montes e Serras do Vale do Paraíba que continuam lá, porém, sem a floresta dos Ipês coloridos. Aproveito o instante deste escrito para renascer das lembranças e convidá-los a cantarmos juntos com o inesquecível Geraldo Vandré: “Pra não dizer que não falei de flores”. Agora, sigo caminhando e cantando os Ipês com suas flores e cores, com seus tons rosáceos, lilases, brancos e amarelos: todos servindo de ponte às boas lembranças da vida.

Se o texto que, ora lhes está sendo oferecido, pode, nessa breve reflexão, ser compreendido para além de sua expressão metafórica, naquilo que José Enes classifica como noético, (estrutura energética da faculdade intelectiva), então o Ipê já terá exercido uma de suas (máximas) a maior de todas as missões: levar a Luz da esperança a quem dela necessitar.  Descortinei lembranças de antigos campos, relembrei os prados verdejantes e as brincadeiras de esconde – esconde;  reavivei as tintas do passado através da memória dos Ipês e, de lá, trago um presente para você, leitor: um Ipê! A cor, você escolhe:



Rosa, é a cor do plexo cardíaco, trabalha o Amor incondicional e o sistema imunológico. Desenvolve os aspectos sensíveis da glândula Timo, está diretamente relacionado ao coração, melhora a arritmia cardíaca e o sistema circulatório, brônquios e o aparelho respiratório;

  
Branco, esta cor induz à pureza, à limpeza e é o símbolo da Paz;
 


Lilás, tem ligação direta com as energias superiores, trabalha a glândula Pineal nas disfunções das neuroses, irracionalidades, fobias, desorientação e obsessão, além das disfunções sensoriais e cerebrais, bem como a insônia, enxaqueca e histeria;

 


Amarelo é a cor do plexo solar e é também a cor do intelecto. Trabalha as funções da Personalidade, vitalidade, ação e vontade, auto-estima, melhorando a ansiedade, a indecisão e a desconfiança. Trabalha os sistemas nervoso e pancreático: o baço, estômago, fígado, vesícula, intestino delgado e parte inferior das costas.




   
Fonte:

SANTANA, Vannda. O avesso e o reverso na ponta da pena. Oficina Editores, 2ª Ed. RJ, 2007, p.83;

SILVA, Breno Marques da.  As essências florais de Minas: síntese para uma medicina de almas, Breno Marques da Silva  e Ednamara Vasconcelos e Marques. 2ª Ed. São Paulo, editora Aquariana, 1997;
Criatividade e Espiritualidade seguindo os passos de " A Profecia Celestina" - Dr. Breno Marques da Silva e Ednamara Batista Vasconcelos e Marques.

Site:

Pesquisa Google:

Os Ipês Amarelos de Rubens Alves
Os Ipês Floridos


terça-feira, 27 de novembro de 2012

A Hierarquia das Lembranças e a Fisiologia do Ser Humano na Arqueologia do Tempo

Fisiologia das lembranças
Lembrar! O que é que nos faz recordar? Em que lugar da memória estarão preservadas as lembranças de toda uma história de vida? Talvez tenhamos de responder essas perguntas com uma outra: será que nosso corpo, ao longo de nossa existência, abrigaria fisiologicamente toda espécie de recordações boas e más sem adoecer? Como o inconsciente daria conta de “administrar” conscientemente tais emoções? E, ainda,  será que seria saudável ter na lembrança os arquivos preservados de fatos vividos em uma época e que, para buscar um desse fatos, teríamos de acionar uma chave com o pressuposto poder de alavancar hierarquicamente todo um percurso de vivências e de lá resgatar imagens fossilizadas, as quais viriam à tona indiscriminadamente nos fazendo  lembrar tudo aquilo que tenha ficado marcado em nossas memórias, seja a coisa boa ou ruim.

 Portanto, lembrar é também ter de conviver com o arquivo das “coisas” que marcaram a memória de nossa existência: seja isso uma resposta a um grande desejo que tenha sido impulsionado para um imprinting ou ainda, uma via para uma “falsa memória”. Segundo Sternberg (2000), a memória é conceituada como “o meio pelo qual você recorre às suas experiências passadas a fim de usar essas informações no presente; refere-se a um processo de mecanismos dinâmicos associados à retenção e recuperação da informação” (p. 204). Cabe aqui rever um relato de Goethe sobre uma recordação da infância (Dichtung und wahrheit):“Se tentarmos recordar-nos do que nos aconteceu nos primeiros anos da infância, muitas vezes confundiremos aquilo que ouvimos de outros, com o que realmente nos pertence e que provém daquilo que nós próprios testemunhamos.” (In FREUD, 1917 -1918).

A memória está associada a um processo de mecanismos dinâmicos, diretamente ligados à função do armazenamento, tanto no que se refere à retenção de memórias quanto à recuperação de informações sobre experiências passadas. Dentro desse modelo de memória tradicional incluem-se os sistemas sensoriais de armazenamento de curto prazo e de longo prazo. De acordo com a psicanálise em sua primeira fase – a da catarse de Breuer – ela consistia em focalizar diretamente o momento em que o sintoma se formava; uma busca persistente por reproduzir os processos mentais envolvidos nessa situação, (um esforço) repetitivo, a fim de dirigir-lhes a descarga ao longo do caminho da atividade consciente. Daí, recordar, portanto, é ab-reagir com auxílio, mecanismo utilizado naquela época.  Tempos depois, surgiu a hipnose que logo foi abandonada, cedendo lugar à tarefa de descobrir a partir das associações livres do paciente, transformando-se no ato de redescobrir, o que ele (o paciente) se permitiria recordar.

A memória é uma das funções cognitivas mais complexas que a natureza produziu, e as evidências científicas sugerem que o aprendizado de novas informações e os seus respectivos processos de armazenamento causam alterações estruturais no sistema nervoso. Na memória está depositada toda a capacidade de reter, recuperar, armazenar e evocar informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória humana), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial). Desse modo, a  memória humana focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se lamentavelmente, com a idade. Por isso mesmo, cientistas e estudiosos da neurociência recomendam  o exercitar da memória cotidianamente.

 A memória nos conecta a conhecimentos que geraram novas idéias, auxiliando‑nos a refletir sobre a tomada de decisões em nossa vida diária. A memória, segundo diversos estudiosos, é a sede do saber, do conhecimento e das histórias vividas de todo o ser humano. Desse modo, a memória deve ser trabalhada e estimulada em sua amplitude. Pois é através dela que damos significado ao nosso cotidiano e é através dela que acumulamos experiências para utilizar durante toda a vida.

Assim sendo, a memória tem para além da função de promover a adaptação do ser humano ao meio, contribuir de modo efetivo para a socialização e sobrevivência do indivíduo, exercendo uma complexidade diante das variáveis das linguagens: sentimentos, emoções, prazeres, dores e os estados sensoriais com seu sons e odores além dos estados de ânimos.

E o que é lembrar?

A lembrança é um fato real de uma evocação do passado. Mas também é a capacidade que o ser humano tem para reter e guardar os fatos e episódios interessantes ou não de um tempo vivido ou idealizado. A maior de todas as funções da memória é a possibilidade de projeção em relação ao futuro. Portanto, sem memória não se tem esperanças; sem memória não há futuro nem presente, pois não há identidade. Lembrar é ter certeza desse EU que se faz representar por tantos outros eus. A identidade sustentada por esse ''Eu" conduz o indivíduo a reviver lembranças que são projetadas e, que, vão ao longo do tempo, ser representadas pela consciência, tanto pela consciência superficial quanto profunda daquilo somos, pois, quando pensamos, aferimos lembranças: qualificando-as e quantificando-as em função do passado e em relação às projeções para o futuro. De certa forma, somos sempre o que passou e o que ainda pensamos vir a ser.

A compreensão da capacidade e da evidência neural, em relação aos estudos da memória, tem atingido um grande crescimento em virtude dos avanços tecnológicos em técnicas de neuroimagem funcional. Tais avanços constatam durante processos observáveis  os indicadores do desenvolvimento biológico para o desempenho de tarefas cognitivas. Eles são passíveis de observação direta e da quantificação, além de apresentarem a vantagem de uma representação gráfica de forte apelo. Desse modo, graças às tecnologias avançadas nas áreas do Sistema Nervoso Central (SNC), tais estudos e identificação são os correlatos neurais dos processos cognitivos engajados quando da realização de tarefas de conhecimento, por exemplo: codificação, armazenamento e recuperação de informação na memória.

O grande poder da memória assusta e já dizia Santo Agostinho. “Tenho medo da graça que passa sem que eu perceba!” E acredito que também temos medo de esquecer o que de mau vivemos, mas igualmente temos medo de não lembrar a felicidade vivida.

                Desse modo, somos essa misteriosa mistura de passado, presente e futuro. E ainda que lembrar nos faça doer, este é o melhor sinal.

Santo Agostinho. Confissões, Edição bilíngüe, 2ª Ed. Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2004, Lisboa.
FREUD, Sigmund. Sobre a Psicopatologia da Vida Cotidiana. Imago, RJ, 1987.




domingo, 28 de outubro de 2012

O Mito de Pandora e suas Variáveis Interpretativas

O símbolo dos desejos que causam a desgraça humana

(feminilidade e beleza, curiosidade, vingança e discórdia, inconsequência e desejo ardente)



Para os Gregos, os deuses eram descendentes da terra - Gaia - e do céu - Urano - e tinham grandes semelhanças com os homens. Havia um lugar para a morada dos deuses, o Monte Olimpo, reconhecido como sendo o ponto mais alto de toda a Grécia Antiga (com uma altitude de 2 917 m.), destinado à casa dos deuses mais importantes. Segundo conta a literatura e a história, a entrada para o Olimpo era feita através de um portão coberto de nuvens; isso, talvez, pudesse ser atribuído ao fato de que o cume da montanha, devido a sua altitude, permanecesse constantemente sob nuvens.

Há várias versões sobre o mito de Pandora e este parece ter sido um tema que a muitos seduziu e, ainda hoje, seduz. Porém, simbolicamente, o mito está impregnado de muitas interpretações, tornando-o, assim, difícil para uma única análise em função de sua história estar ligada à hierarquia dos deuses.

Mas vamos à história. Uma tentativa de compreender de forma reduzida as várias versões sobre o mito grego, no qual Prometeu está diretamente envolvido. Aliás, Prometeu, segundo a etimologia, é: (o que vê antes ou prudente, previdente) e representa o criador da humanidade. Pertencia à genealogia de um dos Titãs, filho de Jápeto e Clímene e também irmão de Epimeteu (o que vê depois, inconsequente), Atlas e Menécio. Os dois últimos se uniram a Cronos na batalha dos Titãs contra os deuses olímpicos e, por terem fracassado, foram castigados por Zeus que então tornou-se o maior de todos os deuses.

A caixa de Pandora é uma expressão muito utilizada quando se quer fazer referência a algo que gera curiosidade, mas que é melhor não ser revelado ou estudado, sob pena de se vir a mostrar algo terrível, que possa fugir de controle. Esta expressão vem do mito grego, que conta sobre a caixa que foi enviada com Pandora a Epimeteu. Pandora foi enviada a Epimeteu, irmão de Prometeu, como um presente de Zeus. Prometeu, antes de ser condenado a ficar 30.000 anos acorrentado no Monte Cáucaso, tendo seu fígado comido pelo abutre Éton todos os dias, alertou o irmão quanto ao perigo de se aceitar presentes de Zeus.

Prometeu uniu-se a Zeus e recomendou que seu irmão Epimeteu também o fizesse. Com isso, Prometeu foi aumentando os seus talentos e conhecimentos, o que despertou a ira de Zeus, que resolveu acabar com a humanidade, mas a pedido de Prometeu,  protetor dos homens, não o fez. Um dia, foi oferecido um touro em sacrifício e coube a Prometeu decidir quais partes caberiam aos homens e quais partes caberiam aos deuses. Assim, Prometeu matou o touro e com o couro fez dois sacos. Em um colocou as carnes e no outro os ossos e a gordura. Ao oferecer a Zeus  para que escolhesse um dos dois sacos, este escolheu o que continha banha. Por causa deste ato, Zeus puniu Prometeu retirando o fogo dos humanos.

Assim, coube a Epimeteu distribuir aos seres qualidades para que pudessem sobreviver. Para alguns deu velocidade, a outros força, a outros ainda deu asas. No entanto, Epimeteu, que não sabe medir as conseqüências de seus atos, não deixou nenhuma qualidade para os humanos, que ficaram desprotegidos e sem recursos. Foi então que Prometeu entrou no Olimpo (o monte onde residiam os deuses) e roubou uma centelha de fogo para entregar aos homens. O fogo representava a inteligência para construir moradas, defesas e, a partir disso, forçar a criação de leis para a vida em comum. Surge assim a política para que os homens vivam coletivamente, se defendam de feras e inimigos externos, bem como desenvolvam todas as técnicas.

Diante do acontecido, Zeus jurou vingança e pediu para que o deus coxo Hefestos, fizesse uma mulher de argila e que os quatro ventos lhe soprassem a vida. Determinou,  também, que todas as deusas do olimpo deveriam enfeitar essa mulher, que era Pandora (pan = todos, dora = presente) a primeira e mais bela mulher já criada e que foi dada, como estratégia de vingança a Epimeteu, que, alertado por seu irmão, recusou respeitosamente o presente. Zeus, ficou mais furioso e acorrentou Prometeu a um monte e lhe impôs um castigo doloroso, em que uma ave de rapina devoraria seu fígado durante o dia e, à noite, o fígado cresceria novamente para que no outro dia fosse outra vez devorado, e assim por toda eternidade.

No entanto, para disfarçar sua crueldade, Zeus espalhou um boato de que Prometeu tinha sido convidado ao Olimpo, por Atena, para um caso de amor secreto. Com isso, Epimeteu, temendo o destino de seu irmão, casou-se com Pandora que, ao abrir a caixa enviada como presente (a qual Prometeu já havia alertado para não fazê-lo), espalhou todas as desgraças sobre a humanidade (o trabalho, a velhice, a doença, as pragas, os vícios, a mentira, etc.), restando dentro dela somente a ilusória Esperança.

O que é a caixa de Pandora? É um mito grego que narra a chegada da primeira mulher à Terra e, com ela, a origem de todas as tragédias humanas. Essa história chegou até nós por meio da obra Os Trabalhos e os Dias, do poeta grego Hesíodo, que viveu no século VIII a.C..

Se o mito de Pandora simboliza a origem de todos os males da humanidade, segundo a lenda o homem recebeu os benefícios do fogo, contra a vontade dos deuses, e os malefícios da mulher, contra a sua vontade. A mulher é o preço do fogo. (CHEVALIER,1998). Ou seja, o fogo também simboliza o amor que todo humano deseja, mesmo que sofra em função dele.

Portanto, o mito da caixa de Pandora quer significar a ambivalência do fogo e seu imenso poder sobre o homem, tal como a imprudência que é atribuída aos humanos, assim como a consequência de sua falta de conhecimento e previsão. Desse modo, a curiosidade não deve predominar sobre a própria inteligência: o homem deve ser o agente de sua própria história e não ficar ao sabor da sorte ou das intempéries do destino.

A literatura moderna, assim como a Poesia, também conta uma história

Na literatura moderna, ao longo dos séculos, vários autores retomaram a história de Prometeu e o colocaram como figura que representa a vontade humana por conhecimento (mesmo tendo que passar por cima dos deuses). A captura do fogo representou a busca do conhecimento pela ciência. Dentre alguns desses autores, encontramos o alemão e poeta romântico Goethe que escreveu um pequeno poema de oito estrofes sobre a lenda de Prometeu intitulado de Prometheus (1774) do qual segue-se um trecho:

"Encobre o teu Céu ó Zeus
com nebuloso véu e,
semelhante ao jovem que gosta
de recolher cardos
retira-te para os altos do carvalho ereto
Mas deixa que eu desfrute a Terra,
que é minha, tanto quanto esta cabana
que habito e que não é obra tua
e também minha lareira que,
quando arde, sua labareda me doura.
Tu me invejas!
(...)
Eu honrar a ti? Por quê?
Livraste a carga do abatido?
Enxugaste por acaso a lágrima do triste?
(...)
Por acaso imaginaste, num delírio,
que eu iria odiar a vida e retirar-me para o ermo
por alguns dos meus sonhos se haverem
frustrado?
Pois não: aqui me tens
e homens farei segundo minha própria imagem:
homens que logo serão meus iguais
que irão padecer e chorar, gozar e sofrer
e, mesmo que sejam parias,
não se renderão a ti como eu fiz"

Goethe descreve Prometeu como um homem extraordinário, que se nega a venerar os deuses e, como ato de rebeldia, se prontifica a fazer homens segundo à própria imagem que não precisem venerar os deuses. O poeta metaforiza em sua poesia a rebeldia dos deuses com a sua criação de vida. O tema sugere repensar a sociedade pós-moderna para os dias atuais.



Fonte:
Hesíodo. Os Trabalhos e os Dias São Paulo: Iluminuras, 1990.
CHEVALIER, Jean e Alain GHEERBRANT. Dicionário de Símbolos. José Olympio, Rio de janeiro, 1988.

http://super.abril.com.br/superarquivo/2002/conteudo_120628.shtml


terça-feira, 25 de setembro de 2012

Abstração: Observação do objeto estético no contexto do olhar


Este artigo resultou da percepção de um "olhar" as imagens da pintura de um óleo sobre tela da artista Márcia Vital
Por: Vannda Santana

Rosácea - óleo sobre tela
O espectador diante do objeto:

O lugar da percepção diante do objeto, espaço virtual, é a interpretação da observação de um olhar questionador, ao contemplar a pintura que não quer ser estática. Do centro para as bordas, os corpos giram e, aos poucos, as Formas parecem subverter a ordem. O espectador continua impactado, em estado de êxtase, de olhos fixos cravados na tela, observando os pontos que ligam o objeto às imagens. Ilusão de ótica? Não. Não é ilusão, é arte numa fusão de corpos; é a arte gerando vida na tela com pele  e osso na imagem rosada, pelo pintor esculpida. O olhar do observador, distingue corpos opostos de tinta e óleo, fecundados por uma paleta mágica de células e penumbras comprometidas com o espaço de uma rosácea sensual. Fenomenologia ou visão gestáltica?

 Segundo Merleau-Ponty: “Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o  sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos  da ciência  não poderiam dizer nada.”  É desse modo que o olho insiste em ver na Forma o que não é uniforme; e, dentro da forma pululam imagens míticas que transitam contorcidas, acopladas, copuladas, como personagens que geram e encenam em sépalas o cálice do encontro entre luz e sombra onde há mais sombra que luz. As cores de terra se vestem de sensualidade para o gesto imobilizado do abraço entrelaçado. Uma visão, ou alucinação?

A obra de arte no quadro Rosácea sugere conceitos entre o real e o simbólico, apontando para uma releitura da imagem em movimento, onde criaturas diáfanas, dionisíacas, assemelham-se a uma escultura surreal. Foucault afirma que nenhum olhar é estável. Assim, diante do exposto, acredita-se num olhar que amplie o seu modo de ver o objeto de arte de acordo com a sua estrutura cultural.

O quadro, o qual estamos contemplando agora, nos remete a múltiplas visões. Percebemos  figuras renascidas da aurora boreal e do caos imaginário, porque é nesse caos que elas se refazem e se realizam no útero-espaço em espiral, espaço circular, porque é também deste que a arte objetiva-se como princípio germinal e ponto primordial.

O que uma tela ou uma obra de arte pode apresentar para os nossos olhos, perante o que vemos e o que sentimos com as imagens que construímos em nosso imaginário? A artista Márcia Vital, talvez não tenha tido a intenção de impactar a nossa percepção com seu trabalho de arte nesse quadro “Rosácea”. Porém, o que a arte no quadro nos revela, não nos imobiliza; ao contrário, nos conduz a ver o que nela se desencadeia através de um simples jogo de cores que se fundem entre o barro e as centelhas do bronze. Assim, a obra de arte da pintora Márcia pode ser lida como se lê um poema, da qual se pode também sentir o grau de emoção.

 Para um olhar aguçado de qualquer espectador  atento, tudo pode ser desnudado. A pintura, emprestou-nos o visível e o invisível, permitindo-nos a sensação do percebido para além da superfície: o outro lado, por dentro da obra, na sua mais íntima face, a face oculta  que não escapa ao olhar  daquele que pode ver.

Talvez, de todas as representações no modo de olhar um quadro, o Rosácea, como objeto de arte, parece cumprir uma função que atravessa a tela no deslocamento do olhar para fora do limite de onde a imagem se estrutura, criando, assim, uma ligeira ilusão simbólica do espaço em movimento. As imagens parecem se projetar em círculos, seladas pela curva de corpos ambíguos de pincel e tinta que as unem uma a outra do centro para as bordas. Não são apenas sombras que o véu de rosas faz girar, nem só refrações que nos cegam o olhar, mas sim o que está por trás desse objeto de arte: espaço abstraído e subvertido pelo olhar. A arte é, portanto, mestra em gerar ambigüidades em nossa percepção de acordo, com a acomodação ou a inquietação no modo de olhar.

  Segundo Lacan, da mesma forma que o esquema ótico permite demonstrar que o imaginário é determinado pelo simbólico, tal esquema também demonstra que as imagens são estruturadas pelas leis da ótica e que a visão depende de um ponto de vista específico (Chatelard, 2005).

Ao terminar este artigo, penso que existam várias formas de se ver uma imagem e vários sejam os modos de interpretá-la; ou seja, talvez,  possamos inscrever a imagem como significante de uma interpretação, assim como afirma P. Bruno:

É preciso renunciar ao significado da imagem, para constituí-la  como elemento de escrita e para poder apreende-la por sua face significante, por sua estrutura material de palavras.

Conclui-se que há muitas formas de olhar o objeto de arte, assim como nossas retinas podem ganhar lentes de aumento e que nossos olhos podem até delirar  como tantos ébrios, pois a arte também está no olho ao participar do gesto que se coloca dentro da  cena.

Amigo leitor, deixo-o com o belo que seus olhos possam ver, do ato seminal até a dança de uma cadência de ritmos e delírios; mas fique, sobretudo, com o quadro real  e com o instante perceptível de uma observação quase ritualística.

domingo, 2 de setembro de 2012

Síndrome, distúrbio e transtorno

Preparando palestra sobre neurociência


 Dificuldades de aprendizagem: Conheça as diferenças entre os termos


Prof.: Vannda Santana de Abreu

SÍNDROME

A Síndrome é definida como um conjunto de sintomas que ocorrem em conjunto. Ou um conjunto bem determinado de sintomas que não caracterizam uma só doença, mas podem ser traduzidos como uma situação patogênica.

DISTÚRBIO

O Distúrbio é descrito como uma  (dis-função) psicológica ou mental, trata-se de uma perturbação, um mau funcionamento e uma interrupção da seqüência normal de continuidade, ou mesmo um afastamento da norma. O Distúrbio acomete o sujeito  individualmente, e, em nível orgânico, pela existência de um comprometimento neurológico.

DIFICULDADE

 O termo Dificuldade está relacionado a problemas psicopedagógicos e ou sócio‑culturais, ou seja, não está centrado no indivíduo. O problema pode estar  relacionado ao processo de ensinoaprendizagem: escola, ambiente, família, comunidade e o meio em que vive.

 TRANSTORNO

O termo Transtorno é utilizado para indicar a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos com início que ocorre invariavelmente no decorrer da infância com um comprometimento ou atraso no desenvolvimento de funções relacionadas à maturação biológica do Sistema Nervoso Central, com curso estável não envolvendo remições e recaídas.
Deve-se considerar ainda que o transtorno não seja conseqüência de uma falta de oportunidade de aprender nem seja decorrente de qualquer forma de traumatismo ou doença cerebral adquirida. O transtono origina-se de anormalidades no processo cognitivo que derivam de algum tipo de disfunção biológica. O termo transtorno revela-se por uma desordem neurológica.


DOENÇA

A Doença caracteriza-se por condição anormal de um organismo que interfere nas funções corporais e está associada a sintomas específicos. É considerada como uma disfunção de um organismo causada por agentes externos ou não ou qualquer condição mórbida ou danosa. O processo mórbido seria definido como tendo um conjunto característico de sintomas e sinais que leva o indivíduo a tratamento médico.

SÍNTESE

A rigor não estaria completamente errado definir a Dislexia por qualquer um dos termos descritos acima. Porém há sutilezas que devem ser consideradas. Por exemplo, embora a Dislexia se apresente como uma doença que leva o indivíduo a tratamento médico e um acompanhamento medicamentoso para a melhora da condição de atenção, este é apenas um dos muitos sintomas ou sinais que são encontrados entre os disléxicos, mas não significa dizer que a dislexia seja passível de tratamento médico.

 Dislexia não é doença!

A dislexia caracteriza-se pela diferença no processamento de informações visuais e auditivas entre outras características e assim sendo se a classificássemos como doença, deveríamos classificar o canhotismo da mesma forma como sendo uma doença, uma vez que os indivíduos canhotos também processam informações de forma diferenciada em relação aos demais indivíduos.
Sendo assim o termo Síndrome, que está relacionado diretamente à doença, também não se enquadraria, embora haja um conjunto de sintomas que caracterizem a Dislexia.  Parece-me que descrever a Dislexia como distúrbio ou transtorno seja mais apropriado ao quadro de sintomas e sinais, muito embora o termo transtorno se aproxime ainda mais.
Penso que este texto não passe de uma pequena sutileza. Porém espero que ele possa contribuir de alguma forma aos profissionais da educação e da saúde por assim considerarmos o disléxico como um ser social.  Sabe-se que o disléxico tem lá suas dificuldades, mas esta constatação não  lhe tira o direito de ser aceito e compreendido socialmente.

Fonte:

www.cgceducacao.com.br/canal.php?c=4&a=13933


Bibliografia
VISCA, Jorge. Psicopedagogia Novas Contribuições. Nova Fronteira, - 4ª ed. Rio de Janeiro, 1991.
DSM –IV, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mantais. 4ª ed., Artmed, Porto Alegre, 2002.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Arteterapia: Uma realidade tangível


Qual a importância da arteterapia?


 "Arte é a expressão mais pura que há para a demonstração do inconsciente de cada um. É a liberdade de expressão, é sensibilidade, criatividade, é vida" .
(Jung, 1920).

        Qual a importância da Arteterapia?  A Arteterapia tem como objetivo principal desenvolver conhecimentos de ação multidisciplinar e sua maior importância é desenvolver um processo terapêutico que utilize de vários recursos expressivos a fim de conectar o mundo interno com o externo do indivíduo. O uso dos recursos da arte são utilizados com finalidades terapêuticas: desenhos, sons, textos entre outras práticas expressivas e simbólicas são desenvolvidas para estabelecer comunicação com os conteúdos internos.
A Arteterapia procura realizar um processo conceitual em sua primeira instância  e permite que o indivíduo de acordo com seu nível cultural, faça conecção com as várias áreas do conhecimento ao realizar o encontro epistemológico no entrecruzamento das múltiplas artes: visuais, antropologia, literatura, dança, consciência corporal, psicologia, música, mitologias com suas tradições sobre o estudo das narrativas contidas nos mitos, contos e compreensão dos ritos. A partir desse contexto epistêmico, a arteterapia atinge um conceito de transdisciplinaridade, processo que deriva de um saber construído e diversificado, entrelaçando tramas que desafiam o Imaginário, além de despertar o processo de criatividade, amplia possibilidades de comunicação e expressão. A arteterapia, nesse sentido, atinge uma reflexão investigativa sobre as artes - capacidade que o sujeito realiza em suas descobertas criativas.
 Desse modo, os conteúdos terapêuticos se multiplicam atingindo níveis mais profundos no território da criação e, assim, o resultado virá em forma de  transformação individual e pessoal. 
Dê um colorido a sua vida!


domingo, 22 de julho de 2012

As cores e as mulheres

Mulheres percebem mais cores que os homens


As cores e as mulhesres
As mulheres têm maior percepção de cores que os homens, indica o estudo dos geneticistas Brian Verrelli e Sarah Tishkoff, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos. Com base na análise de 236 pessoas de diferentes regiões da Ásia, África e Europa, o trabalho dos dois pesquisadores, publicado no informativo on line da universidade, sugere que um grande número de mulheres enxerga mais cor do que os homens, devido a uma transformação no gene envolvido na percepção da cor vermelha nas células da retina.
Homens e mulheres produzem apenas três pigmentos que são responsáveis pela absorção do azul, do verde e do vermelho. A combinação da luz absorvida por esses três pigmentos, chamados genericamente opsinas, proteínas da retina, possibilita a visão colorida em seres humanos. Os genes que trazem as receitas para produzir as opsinas vermelha e verde estão alojados no cromossomo X, que caracteriza o sexo feminino quando ocorre em duplicata (o sexo masculino é definido quando outro cromossomo, o Y, faz par com o X).
Mulheres normais, portanto, têm duas cópias de ambos os genes. O que os pesquisadores americanos descobriram foi que em alguns casos a segunda cópia - ou "alelo", como é chamado cientificamente - do gene para o pigmento vermelho foi "convertida" durante a evolução da espécie.
"Devido ao fato de existirem várias mutações que permitem à opsina vermelha absorver cor na faixa do vermelho-laranja, algumas mulheres têm tanto um alelo vermelho "normal" em um cromossomo do par X quanto um alelo "vermelho-laranja" alterado no outro", observa Verrelli, que hoje é professor da Universidade do Estado do Arizona. "Essas mulheres podem distinguir melhor as cores na faixa do espectro que vai do vermelho ao laranja", diz o pesquisador.
Verrelli e Tishkoff afirmam que o gene da opsina vermelha foi transformado por meio de um mecanismo conhecido como conversão gênica, ainda pouco estudado. Ele entra em cena quando um pedaço de DNA é quebrado durante a duplicação do cromossomo e as enzimas encarregadas de repará-lo não conseguem sozinhas encaixar as "letras" A, T, C e G no lugar certo. "Elas podem simplesmente olhar em volta e achar a coisa mais parecida com o original para encaixar na região danificada", completa Verrelli.
No caso do gene estudado por Verrelli e Tishkoff, essa "coisa mais parecida" foram provavelmente pedaços do gene da opsina verde, que mora no mesmo cromossomo. Estudos anteriores mostram que a alteração na seqüência do gene "vermelho" fazem o pigmento absorver luz de uma forma distinta.
Coletoras
O fato de a variação no gene da opsina vermelha - tecnicamente um "defeito" - ter sido mantida pela evolução nas populações humanas significa que as mulheres portadoras da versão alterada provavelmente tiravam alguma vantagem dela. Essa vantagem, segundo os cientistas, estaria relacionada à coleta de frutos, principal atividade das mulheres na pré-história.
"Se elas fossem melhores em coletar frutas porque essa percepção de cor era benéfica - elas e seus filhos podiam conseguir frutas mais maduras, por exemplo -, indivíduos com essa variação na visão em cores seriam os mais bem-sucedidos. Isso poderia explicar por que a caça e a coleta eram atividades humanas tão comuns", diz Verrelli. "Claro que somente a visão colorida não faz as mulheres coletarem e os homens caçarem, mas permitiu fazê-lo melhor."


 

sábado, 31 de março de 2012

Arte Bordada no ferro

Eça de Queiroz diz que: "A arte é um compêndio da natureza escrito na imaginação." Haja imaginação para tamanha beleza! Haja criatividade para tanta arte! Assistam esse belo espetáculo da arte desenhada no ferro:

terça-feira, 20 de março de 2012

Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro

Os sete saberes necessários à educação do futuro[1]

Uma sinopse dos capítulos dos Sete Saberes de Edgar Morin.
Professora: Vannda Santana


O livro de Edgar Morin nos faz analisar os conteúdos pertinentes à função da educação. O texto tem o mérito de introduzir uma nova e criativa reflexão no contexto das discussões que estão sendo feitas sobre a educação para o Século XXI. Segue um resumo  com “Os sete saberes necessários à educação do futuro”. O autor pretende “expor problemas centrais ou fundamentais que permanecem totalmente ignorados ou esquecidos e que são necessários para se ensinar no próximo século.” O livro está composto de sete pontos de discussão:

  1. As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão;
  2.  Os princípios do conhecimento pertinente;
  3.  Ensinar a condição humana;
  4.  Ensinar a identidade terrena;
  5.  Enfrentar as incertezas;
  6.  Ensinar a compreensão;
  7.  A ética do gênero humano.


No primeiro capítulo, “As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão”, o autor defende a importância de se considerar os inúmeros erros e ilusões que podem ocorrer em qualquer transmissão de informação. Morin destaca os erros mentais, intelectuais e os erros da razão, enfatizando, neste último item, a diferença entre racionalização e racionalidade, considerando a racionalidade a melhor proteção contra o erro e a ilusão. O autor também destaca as cegueiras paradigmáticas e mostra como os paradigmas que controlam a ciência podem desenvolver ilusões. Assim, para o autor, “o problema cognitivo é de importância antropológica, política, social e histórica”, p.33. A educação deve sempre estar atenta à identificação da origem de erros, ilusões e cegueiras.


Em “Os princípios do conhecimento pertinente” o autor trabalha as questões de como perceber e conceber o contexto, o global, (a relação todo/partes), o multidimensional, o complexo, mostrando que o conhecimento dividido em disciplinas muitas vezes impede a visualização da totalidade. Para o autor é importante que se consiga estabelecer as relações entre as partes e o todo em um mundo complexo. Diz ele: “É preciso efetivamente recompor o todo para conhecer as partes”, p.37.


No capítulo três - “Ensinar a condição humana” – traz mais uma vez a discussão do ensino fragmentado e de como isso é prejudicial à educação. É preciso considerar o ser humano e toda sua complexidade: sua condição física, biológica, psíquica, cultural, social e histórica. O autor afirma que se deve contextualizar seu objeto, para ser pertinente. “Quem somos?” é inseparável de “Onde estamos?, “De onde viemos?”, “Para onde vamos?” p. 47. O questionamento sobre a condição humana implica o fato  de se estar no mundo e a educação do futuro deveria “mostrar e ilustrar o Destino multifacetado do humano: o destino da espécie humana, o destino individual, o destino social, o destino histórico, todos entrelaçados e inseparáveis.”

No capítulo “Ensinar a identidade terrena” o autor faz um breve panorama do “resultado” da educação no século passado, fala da herança de morte (armas nucleares, vírus, etc), relatando ainda, para a morte da modernidade. Nesse panorama, alimenta-se como contraponto ao que o autor chama de herança de nascimento, a cidadania terrestre. Para ilustrar tal pensamento, Morin usa como exemplo várias contracorrentes existentes nos dias de hoje que estão no cerne dessa missão: contracorrente ecológica, qualitativa, de resistência à vida prosaica, de resistência ao consumo padronizado, entre outras. A importância desse capítulo já pode ser visto nas discussões existentes sobre aquecimento global. “Aquilo que porta o pior perigo traz também as melhores esperanças: é a própria mente humana, e é por isso que o problema da reforma do pensamento tornou-se vital”, p. 75.

No “Enfrentar as incertezas”, Morin inicia este capítulo com uma epígrafe de Eurípides que vale a pena citar como reforço de seu pensar: “Os deuses criam-nos muitas surpresas: o esperado não se cumpre, e ao inesperado um deus abre o caminho.” (P.79). O autor afirma que é preciso ensinar estratégias que permitiriam enfrentar os imprevistos e agir usando as informações adquiridas ao longo do tempo e, faz ainda, uma longa reflexão falando sobre a importância de sabermos lidar com as incertezas ligadas ao conhecimento, mostrando-nos que “Existe, portanto, a dificuldade do auto-exame crítico, para o qual nossa sinceridade não é garantia de certeza, e existem limites para qualquer autoconhecimento” p.85.

Em “Ensinar a compreensão”, Morin mostra o paradoxo do nosso tempo: apesar te termos cada vez mais meios de comunicação, a incompreensão permanece geral. O autor discute sobre as duas formas de compreensão: a compreensão intelectual e a compreensão humana, afirmando que enquanto a compreensão intelectual passa pela inteligibilidade e pela explicação, a compreensão humana vai além da explicação, comportando um conhecimento sujeito a sujeito. Morin cita o egocentrismo, o etnocentrismo, o sociocentrismo como obstáculos às duas compreensões. É imprescindível que a educação do futuro trabalhe a questão da compreensão, em todas as idades e em todos os níveis de educação. Diz o autor: “Compreender é também aprender e reaprender incessantemente” p.102.

No último capítulo, “A ética do gênero humano”, o autor mostra que indivíduo/sociedade/espécie são co-produtores um do outro. A educação deve conduzir à “antropo-ética” (ética propriamente humana), que compreende a esperança na completude da humanidade, como consciência e cidadania planetária. Morin reforça a importância da democracia para a educação do futuro e conclui salientando que a educação do futuro tem como finalidade a busca da hominização na humanização.


[1] MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 9ª edição, São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2004.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Como falar muito sem dizer nada!

A tabela abaixo permite fazer mais de 10 mil combinações de frases onde você poderá fazer grandes discursos sem dizer praticamente nada!
A regra é simples:  Forme suas frases usando uma frase da 1ª coluna, em seguida uma da 2ª coluna, uma da 3ª e uma da 4ª coluna sucessivamente.  Não tem erro!
Faça o teste e monte o discurso que você quiser!


Coluna 1
Coluna 2
Coluna 3
Coluna 4
Caros colegas,
a execução deste projeto
nos obriga à análise
das nossas opções de desenvolvimento futuro.
Por outro lado,
a complexidade dos estudos efetuados
cumpre um papel essencial na formulação
Das nossa metas financeiras e administrativas.
Não podemos esquecer que
a atual estrutura de organização
auxilia a preparação e a estruturação
das atitudes e das atribuições da diretoria.
Do mesmo modo,
o novo modelo estrutural aqui preconizado
contribui para a correta determinação
das novas proposições,
A prática mostra que
o desenvolvimento de formas distintas de atuação
assume importantes posições na definição
das opções básicas para o sucesso do programa.
Nunca é demais insistir que
a constante divulgação das informações
facilita a definição
do nosso sistema de formação de quadros.
A experiência mostra que
a consolidação das estruturas
prejudica a percepção da importância
das condições apropriadas para os negócios.
É fundamental ressaltar que
a análise dos diversos resultados
oferece uma boa oportunidade de verificação
dos índices pretendidos.
O incentivo ao avanço tecnológico, assim como
o início do programa de formação de atitudes
acarreta um processo de reformulação
das formas de ação.
Assim mesmo,
a expansão de nossa atividade
exige precisão e definição
dos conceitos de participação geral.