Oficina de
arteterapia: linguagens e símbolos, uma dinâmica de criatividade
Por: Vannda
Santana
"Eu vivia num estado de tensão, à
medida que fui conseguindo traduzir as emoções em imagens- isto é, à medida que
fui descobrindo as imagens que se encontravam escondidas nas emoções- vi-me
acalmado e seguro interiormente."
C.G. Jung
A prática arteterapêutica vivenciada no consultório
através das oficinas de artes vem demonstrando ao longo de seu tempo ser um
método ricamente simbólico e que por meio de sua linguagem tem se revelado com
grande eficácia para o desenvolvimento psíquico em qualquer fase da vida
humana. O que se pretende com este texto não é divulgar ou comentar resultados
de um trabalho teórico ou empírico específico, mas possibilitar uma sistematização
que ofereça pistas para um novo
pensar a doença e a cura nos seus campos fronteiriços, onde a farmacopeia
opera sem medidas, sem limites e escrúpulos. Assim, tentarei
partilhar o que entendo por linguagem dos símbolos na dinâmica da criatividade
e depois sistematizar alguns desafios que nos rodeiam em face desse conceito:
desafios constantes - onde o arteterapeuta se vê envolvido simultaneamente pelos desafios antigos e os atuais.
A arteterapia promove singularmente manifestação de
expressão em suas realizações, causando um efeito visível considerável. Portanto,
falar de criatividade é algo que vem se manifestando como elemento de
libertação espontânea, apontando eficácia e clareza diante das necessidades
humanas. Desse modo, o tratamento arteterapêutico conduz o indivíduo para um despertar da criatividade, gerando um fluxo energético a favor de novas
adaptações, de novas possibilidades contribuindo de forma lúdica para o
tratamento. A arteterapia oferece um espaço aberto à criação e à elaboração de
conflitos e perdas de forma leve e prazerosa.
A arteterapia utiliza-se de vários elementos
de artes, desde um simples lápis de cor até as formas mais ousadas de um
“risque e rabisque” com tintas e pincéis até mesmo outras formas criativas de
verbalizações, como o uso a fala
para contar histórias, interpretar um
poema, bem como usar a criatividade literária para fazer contos, crônicas além
de outras manifestações de criatividade. Permitir o acesso à utilização dessas técnicas
da arteterapia poderá conduzir o indivíduo ao processo de estimulação do
cérebro e ajudar o psiquismo a realizar suas expressões através da libertação das pressões internas do sujeito.
Portanto, cabe ao terapeuta usar cada vez mais uma postura
ética imprescindível de conhecimento e reconhecimento das novas técnicas que
deverão participar dessa dinâmica do fazer
de cada momento um prazer. Desse modo, a participação terapêutica do prazer em fazer se converterá em resposta de realização simbólica. Isto
é arteterapia.
A vivência de cada indivíduo vai surgindo
espontaneamente através dos elementos e dos materiais que são previamente
expostos de maneira que o próprio indivíduo possa fazer sua escolha. Porém, nos
casos mais gravemente comprometidos, o terapeuta deverá intervir em auxílio ao
paciente, sem abdicar dos critérios éticos de sua ação e prática ao escolher os
materiais, como tinta, tecido, madeira, massa, argila, papel, lápis cera,
lápis, óleo, grafite, jogos diversos,
textos individuais ou textos teatralizados para leitura além de outros
suportes. Durante o processo que ocorre dentro da oficina, o profissional
terapeuta procura fazer suas observações quando necessárias para aquele
momento. Neste caso, o arteterapeuta assume a função de ser um facilitador das
ações, orientando naquilo que for possível.
Conceituando estilos cognitivos e afetivos
Os estilos aplicados aqui em arteterapia
não estarão significando referencias de aprendizagem. Aqui, os estilos são
passíveis de alterações e integrações em uma perspectiva fenomenológica;
queremos afirmar, entretanto, que eles são apenas materiais simbólicos. Do
ponto de vista semântico, podemos até conceituar algumas palavras, por exemplo,
a palavra "stilus" que aqui foi utilizada. Poderia até merecer uma
explicação etimológica, mas desnecessária, pois a razão dessa derivação do
latim nos mostra que tal palavra se associa à feição especial ou ao caráter de
uma produção escrita ou, ainda, à maneira especial de exprimir os pensamentos e
de se expressar na escrita. Porém, no caso particular dos trabalhos efetuados
por pacientes em consultório, não há essa necessidade de formalização
epistemológica ou etimológica.
As observações
feitas durante as práticas poderão servir de análises para futuros estudos que possam
fundamentar e dar relevância à prática arteterapêutica. Entretanto, cumpre-se
seguir observações de caso a caso.
Quanto à
linguagem das cores, assim como os símbolos imagéticos, também poderão surgir
durante todo o exercício como fatores desses elementos simbólicos e, assim,
naturalmente, farão parte da dinâmica das ações, nas quais os seus registros,
manifestar-se-ão diretamente em cada ato criativo.
Para que uma
sessão de arteterapia seja plena na sua composição terapêutica, há que se ter
um espaço favorável e uma disposição de materiais que possam atender à
diversidade de cada caso. Os métodos usados em cada oficina ficam a critério do
terapeuta, o que ele privilegia ao disponibilizar como instrumentos os
elementos de recursos terapêuticos. Há casos em que são necessários tratamentos
mais específicos, tais como os indivíduos comprometidos com alguma deficiência
relativa à audição, visão, linguagem (fala), escrita, deficiência neurológica
além de outros comprometimentos que deverão passar por critérios avaliativos e,
em seguida, serem encaminhados a especialistas específicos.
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